sábado, 6 de junho de 2009

Palavras

Ponho-me a escrever, com mão ou máquina vejo palavras que se encontram, se combinam, dialogam, criam. Fazem mágica em seu movimento. Na imaginação, um milagre. Sinto-me parado a voar no mirante da cidade milagrosa de palavras, todo um mapa na minha mente embaralhada, ilimitada. Com palavras e letras sinto que posso chegar a qualquer lugar.

Junto a verde e a fruta e enxergo pêra, pinha, limão
Troco a fruta pela chão e acho gramado
Coloco a vermelho na preto e tenho paixão
Junto a branco com a negro e vejo miscigenação

Troco termos e mudo o assunto. De frase em frase reproduzo o que me dá vontade
mas não esqueço e assumo: tem coisa que palavra não consegue passar.

A palavra saudade só existe no português, mas na língua que for não faltam gestos pra podê-la expressar. Não há quem a explique, não há quem não a entenda.
O amor pode ser expresso em qualquer língua, mas de ich liebe dich até ya tebya liubliu, nunca vi alguém não preferir um gesto sincero.

Verdade que gestos também são limitados, mas completados pela palavra e vice versa.
É que todos são limitados, mas quando se unem, podem muito mais, alcançam muito mais.
Verbos, atitudes, sujeitos, pessoas, conectivos, tempo, predicados, objetos diretos e indiretos me levando direta e indiretamente onde eu quiser chegar.

Disso não posso me privar
No universo de palavras crio planetas, pessoas, histórias.
Vivo o que não vivo.
O que não vale é não deixar
A imaginação te levar.

Matheus Marins