domingo, 17 de outubro de 2010

Primaveril

É que a hemorragia - palavra forte essa, que teimo em usar -, meu criado, não tem hora pra acontecer. E é nisso que dá ter um coração sempre aberto: hemorragias - insisto - constantes. estrondosas, desmedidas, apocalípticas. e você nem sabe como posso ser ainda mais violento, se necessário: nunca deixo os sentimentos atrasarem; o problema todo é seu aí com essas palavras, que vivem chegando tarde.

Não me fecho porque, como você sabe, pra tanta lambada que já tomei, levar mais uma ou outra não deve fazer diferença. Além de que, e se eu estiver certo dessa vez? fechando-me, nunca saberemos. E a nossa escolha foi consensual. Fico esperando vocês se acertarem aí. Se ela ainda não quer saber de entrar, os floreios continuam tá?. Já falou do buquê de rosas oferecido? E dos poemas? Olha, o que eu digo tem chegado aí em letras que tropeçam nos dentes pra sair da boca, escorrem por entre os dedos, se embaralham chão afora... O que deu em você, pobre menino? Não sabe traduzir o próprio coração?

Por esses ataques de suor frio, as exaltações, as noites insones reincidentes... ajudaria se você não me culpasse pelas costas.
Tem outra: quem manda aqui sou eu!
Sem mais.


Eu não sabia que faziam tanto barulho, elas - as hemorragias.

"Queria ter coragem de te falar,
mas qual seria o idioma?
Congelado em meu próprio frio,
um pobre coração em chamas"

Matheus - 18/10/10

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